Crítica l Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo diverte, mas tinha potencial para muito mais

Chegou às telonas dos cinemas de todo o país Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, a nova adaptação em live-action do universo de Mauricio de Sousa. 

As HQs de “Turma da Mônica Jovem”, a versão adolescente dos personagens mais queridos do Brasil, são publicadas mensalmente desde agosto de 2008 pela Mauricio de Sousa Produções, com estilo e traços que remetem aos mangás japoneses, e uma linguagem bem diferente dos quadrinhos infantis. Nesta fase, na faixa dos 15 anos, a Turma cresceu, passando agora por aventuras e desafios que envolvem maturidade, responsabilidades, dramas, confusões amorosas e um universo mais fantasioso, que conta com novidades tecnológicas, viagens espaciais, organizações secretas e até supervilões. E essa é exatamente a proposta do longa Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo.

A mudança, portanto, acontece dentro e fora das telas. A direção agora é de Mauricio Eça e a Turma é interpretada por Sophia Valverde (Mônica), Xande Valois (Cebola), Carol Roberto (Milena), Théo Salomão (Cascão) e Bianca Paiva (Magali). O elenco conta ainda com Carol Amaral (Denise), Bruno Vinícius (Jerê), Lucas Pretti (Titi), Giovanna Chaves (Carmem), Yuma Ono (DC), Eliana Fonseca (Tia Nena) e Mateus Solano (Licurgo, o Louco), além de participações especiais de Júlia Rabello, Maria Bopp e Rodrigo Fernandes.

A história  de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo acompanha a Turma durante a fase da adolescência, iniciando a trama com uma reunião dos amigos após o fim das férias e seguindo logo para um novo ciclo com o primeiro dia de aula do Ensino Médio.

Mônica, Cebola, Magali, Cascão e Milena não demoram muito para perceber que as coisas no colégio andam estranhas. Eles descobrem que o Museu do Limoeiro será leiloado, então decidem se unir em uma missão para tentar salvá-lo e impedir que a história local seja esquecida. Quando investigam o que está acontecendo, se deparam com segredos antigos que remetem a uma ameaça ainda maior, precisando desvendar o mistério e lidar com questões sobrenaturais que envolvem o vilão apresentado como o Cabeça de Balde, personagem já conhecido dos quadrinhos, capaz de causar pânico ao transformar e colocar as pessoas em um estado catatônico.

Apesar de toda a polêmica envolvendo a mudança dos atores de Turma da Mônica: Laços” (2019) “Turma da Mônica: Lições” (2021), a Turma da Mônica Jovem vem bem representada por Sophia Valverde, Xande Valois, Carol Roberto, Théo Salomão e Bianca Paiva. Os atores entregaram não só a clássica personalidade dos personagens, como também novos atributos e o principal fator: o sentimento de amor e união do grupo de amigos inseparáveis.

De fato, os atores protagonistas têm química e mostraram que foram bem escolhidos, contando ainda com ótimo trabalho de figurino e caracterização. Sophia Valderde, mesmo que em alguns momentos retraída, traz a força e sentimento de justiça de Mônica, assim como suas desavenças e disputas com Carmem; Já Xande Valois, sai direto das HQs e entrega o Cebola perfeito: sagaz, engenhoso e completamente apaixonado pela amiga; Carol Roberto brilha em sua estreia nos cinemas, entregando boa atuação como a doce e inteligente Milena, deixando inclusive um gostinho de quero mais, já que poderia ter sido melhor aproveitada em outras cenas que sua personagem faz grande falta; Théo Salomão rouba a cena como o Cascão e, assim como nos quadrinhos, traz um novo ar esportista, descolado, engraçado e descontraído. Junto a Bianca Paiva, Théo entrega um lado cômico e extremamente agradável no filme. Já a atriz, inclusive, se encaixa perfeitamente na personalidade meiga e cheia de inseguranças da Magali, agora com um lado sobrenatural aflorado e muito esperado pelos fãs.

Ainda que com pouco tempo de tela, o elenco juvenil adjacente agrada e traz boas representações com Carol Amaral (Denise), Bruno Vinícius (Jerê), Lucas Pretti (Titi), Giovanna Chaves (Carmem) e Yuma Ono (DC). Eliana Fonseca retorna bem como a Tia Nena, uma das grandes mentoras da Turma. Mas o mesmo não acontece com Mateus Solano como Licurgo. Esta versão do Louco está muito caricata, errando no Tom e, ainda por cima, com péssima caracterização, destoando muito em qualidade da obra.

A trilha sonora tão marcante nos outros longas é simplesmente inexistente e, infelizmente, apesar de bons trabalhos na atuação, isso não se estende a direção de Mauricio Eça. Embora o enredo tenha alguns furos, a história dos personagens em busca de desvendar o mistério traz dinâmicas que fazem sentido e são bem ligadas umas as outras. Mas falta um trabalho mais preciso e não tão frágil por parte da direção, edição e da produção do longa. Há cortes muitos grotescos, CGI ruim e pouco cuidado com o material final, de forma que a ideia central não passe apenas de teoria. 

Ainda que haja o sentimento de nostalgia e o carinho pelo público que já conhece a Turma há tantos anos, o longa soa como superficial, com um sentimento de que está faltando algo. Precisava de mais momentos em que os personagens de fato enfrentassem de frente as suas inseguranças, como o próprio título Reflexos diz. As dinâmicas são bem corridas, especialmente no final, que traz ainda uma cena pós-créditos com o único intuito de preparar para o futuro, já que este é apenas o primeiro filme de uma quadrilogia. Ainda que com essa promessa, o foco principal deveria ter sido em entregar um trabalho conciso agora, já que o elenco traz tanto potencial, assim como a temático sobrenatural tão pouco exploradas nos longas brasileiros, ainda mais para esta faixa etária. 

COMPARTILHAR

1 Review