Crítica l Indiana Jones e a Relíquia do Destino entrega aventura, diversão e desfecho emocionante, superando antecessor

15 anos desde o lançamento de O Reino da Caveira de Cristal, Indiana Jones retorna aos cinemas em mais uma aventura – Indiana Jones e a Relíquia do Destino – com Harrison Ford novamente incorporando o famoso personagem, desta vez sem Steven Spielberg na direção – uma ausência notável no ritmo do filme.

O diretor tinha um ótimo controle em destacar a aventura, criando um estilo único pro personagem, que anos mais tarde se tornou referência para o gênero. Mesmo nos filmes mais fracos da franquia, o estilo Indiana Jones funcionava principalmente nas cenas de perseguições, que se diferenciavam pelo jeito de Jones, escapando de enrascadas apenas com seu chicote e habilidades. Isso já bastava para cativar o público, diferente da direção de James Mangold, que pega o fato de Indiana Jones ser baseado em James Bond e cria um ritmo de ação bem similar aos filmes de 007.

As perseguições, embora visualmente ótimas, não tem o estilo clássico da franquia. Até mesmo a introdução, que mostra rapidamente o final da 2ª Guerra Mundial e tenta trazer um pouco de nostalgia, não consegue trazer a mesma empolgação. A cena se salva ao estabelecer elementos cruciais na trama, mas o ritmo da franquia se perde.

Assim como é padrão na franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino intercala os personagens e gira em torno de um objeto místico que movimenta toda a trama. Bem estabelecido desde o início, com importância e potencial de perigo ao cair em mãos erradas. Porém, ao associar viagem no tempo, pode não agradar os fãs, visto que o protagonista já foi em busca de relíquias religiosas, itens sobrenaturais e até outro mundo.

O adereço beira o fim da criatividade, apelando para um recurso utilizado na indústria cinematográfica nos últimos anos. Porém, em vez de focar em outro objeto ligado a uma figura religiosa, como a introdução sugere, o roteiro tenta seguir um novo caminho e renovar a narrativa, explorando o limite da realidade. Mas acaba ficando no meio termo e não chega a ser tão surpreendente quanto Os Caçadores da Arca Perdida, o que não é ruim – principalmente no 3° ato, carregado de momentos reconfortantes, quando o público que acompanhou desde o início se coloca na pele de Indy, aceitando o destino proposto.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino conta ainda com outros personagens queridos da franquia, como Helena (Phoebe Waller-Bridge), afilhada de Indy, igualmente inteligente ao padrinho. Porém, diferente do personagem de Shia LaBeouf no 4º filme, o diretor não tenta usá-la para passar o bastão, já que ela tem ética diferente de Jones e usa sabedoria para ganho pessoal. Possivelmente, ganhará uma obra solo no futuro.

Mads Mikkelsen interpreta o antagonista bem desenvolvido, cuja motivação megalomaníaca é condizente com sua origem nazista. Há um problema na escalação do ator. Embora com ótima performance, ver Mads como vilão já saturou. Depois de canibal, mago e bruxo das trevas, faltava um nazista em sua carreira, mas chega a ser uma pena ver talento tão limitado, com apenas um perfil de personagem.

Os vilões secundários são nível James Bond, seguindo os mesmos artifícios, como um capanga brutamontes intimidador. Também há a personagem vivida por Shaunette Renée Wilson, mal estabelecida e colocada como obstáculo para os protagonistas. Tirando sua aliança questionável com o personagem de Mads, ela é totalmente descartável, sem passar ameaça alguma.

Ver Harrison Ford como Indiana Jones é sempre um deleite para os fãs. O ator ainda tem um carinho enorme pelo personagem, que interpreta com bastante entusiasmo. No longa, o vemos numa nova fase menos grandiosa de sua vida, onde após diversos momentos de triunfo, ele se vê sem muita utilidade, seja como arqueólogo ou professor. Apesar das limitações de idade, ele abraça uma nova aventura, que o faz se sentir vivo novamente.

O filme é carregado de ótimos efeitos visuais, com destaque ao rejuvenescimento facial de Ford.
Mesmo as cenas de perseguição, carregam mais um ritmo de ação do que o de aventura. A trilha sonora, composta novamente por John Williams, minimiza a ponto de disfarçar essa mudança no ritmo. Ouvir novamente o tema do filme, desperta nostalgia no espectador.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem uma grande mudança no ritmo e no estilo, quase interferindo na essência da franquia. A direção chega perto desse limite, porém ainda proporciona um filme divertido, com desfecho emocionante e consegue ser melhor que seu antecessor.

Crítico: Bruno Martuci Ramos

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