Crítica l Heartstopper encanta com romance teen LGBT super fiel à adaptação dos quadrinhos de Alice Oseman
Heartstopper, nova série da Netflix que estreia nesta sexta-feira (22), acompanha os jovens Charlie Spring e Nick Nelson, interpretados por Joe Locke e Kit Connor, à medida em que eles se conhecem, viram amigos e entendem mais sobre si mesmos.
Todos na escola sabem que Charlie é gay, o garoto inclusive já sofreu muito bullying por causa disso, além de ter diversas inseguranças. Ele é um aluno tímido, inteligente e dedicado que gosta muito de música, o contrário de Nick, que é hétero, comunicativo e um atleta superpopular do colégio (só para garotos, aliás). Como acabam tendo aulas juntos, os garotos viram grandes amigos e passam a dividir os seus anseios.
Quanto mais o tempo passa, mais eles se conectam, ficam juntos e se divertem, dentro e fora da escola. Ainda que saiba que gostar de alguém que é hétero só pode lhe gerar frustrações, Charlie não consegue deixar de ter um crush no amigo. Por outro lado, Nick está confuso, sem saber ao certo o que seus novos sentimentos significam, mas tendo a certeza de que estar com Charlie lhe faz bem. Logo, quanto menos se espera, os sentimentos podem transbordar das formas mais incríveis e surpreendentes.
Há ainda espaço na história para desenvolvimento dos personagens secundários, especialmente os amigos de Charlie: Tao (William Gao), Elle (Yasmin Finney), Tara (Corinna Brown) e Imogen (Rhea Norwood). Cada um com sua peculiaridade, os jovens passam também por diversos problemas e situações comuns aos adolescentes, além de darem apoio uns aos outros e trazerem momentos de empatia através da amizade e dos relacionamentos. O elenco, inclusive, esbanja química e talento, conseguindo cativar o público de imediato.
A construção desse romance adolescente foca na reflexão e transformação. Esbanjando representatividade, o relacionamento acontece de forma doce e natural, em que medos, dúvidas e inseguranças falam mais alto, mas toda descoberta e questionamento servem para construção e crescimento dos personagens, num período tão complicado da adolescência para formação de identidade e descoberta da sexualidade.
Surgem ainda temas importantíssimos como relacionamento abusivo, machismo, bullying e preconceito. Todos retratados com muito carinho e cuidado, dando real um quentinho no coração.
É de fato uma série gostosa de assistir! Com 8 episódios de 30 minutos, a narrativa prende sua atenção do começo ao fim com uma história sobre o primeiro amor que é capaz de trazer identificação para qualquer um.
A fotografia e a ambientação são muito belas, especialmente nos momentos em que há cores e elementos estéticos próprios das histórias em quadrinhos, já que a série é baseada nas obras de Alice Oseman, que atua inclusive como roteirista da série. Por esse motivo em si, já dá pra entender porque a adaptação é tão fiel e vai agradar muito os fãs, além de encantar todos que assistirem a série devido a tanta delicadeza e cuidado com a história.