Crítica l Bela Vingança surpreende ao lançar crítica sobre cultura do estupro

Com roteiro e direção de Emerald Fennell, Bela Vingança acompanha a historia de Cassie (Carey Mulligan), uma jovem misteriosa que abandonou a escola de medicina e agora leva uma vida dupla. Enquanto trabalha de dia como atendente em um café, a noite frequenta bares e arma emboscadas onde finge estar super bêbada para fisgar “caras legais” que se aproximam com a desculpa de ajudar, mas sempre se aproveitam da situação e terminam a noite tentando estuprá-la.

No decorrer do filme, vemos que essa jornada de vingança acontece devido a um trauma passado e que a personagem tem grandes objetivos em seu caderninho para os principais culpados por essa experiência traumática, como seus antigos colegas de faculdade.

O longa é muito ousado e objetivo, escancarando machismos estruturais da sociedade que são comuns em casos de estupro, como as frases “vestida desse jeito, estava pedindo” ou “é apenas um garoto, temos que dar o benefício da dúvida”. Além disso, mostra que muitas vezes essa cultura do estupro é embasada com a ajuda de mulheres, que acabam também descrebilizando a vítima.

Carey Mulligan arrasa na interpretação, seja no jeito femme fatale de Cassandra quando está agindo como vingadora ou seu jeito meigo de ser quando mostra suas vulnerabilidades no dia a dia, principalmente quando ela decide dar uma chance ao amor com um conhecido que ressurge em sua vida. A produção do longa ajuda muito nesse quesito também, seja na distribuição de cores, cenários ou trilha sonora, que sabem muito bem dosar doçura com brutalidade.

Quanto mais descobrimos sobre a protagonista ou sobre o grande trauma do passado, é impossível não sentir pela personagem e entender seus motivos. Ainda mais quando a história faz questão de enfatizar como as vítimas carregam seus traumas durante anos, enquanto os causadores seguem a vida normalmente.

A conclusão da história é muito forte, reafirmando ainda mais a importância do assunto e dos efeitos devastadores de um trauma, além de mostrar que a responsabilidade de quem é conivente, seja ele homem ou mulher, é de extrema importância. Além de que, muitas vezes, o culpado é quem menos esperamos. Com entretenimento do começo ao fim, o longa serve também para incomodar e fazer o público refletir, a fim de não cometer ou participar de algo tão errado e traumático.

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