Calazar
Filme da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Calazar retrata a história de um jovem casal grego que ganha a vida fazendo o transporte de animais domésticos para um crematório, e retornando as cinzas a seus donos. O indie retrata o florescimento do amor entre os personagens, onde os limites entre humanos e animais parecem desaparecer.
É um longa-metragem com poucas falas e muitos sentimentos, com cenas jogadas ao longo da história que faz o telespectador questionar o por que da inserção ou o que de fato está acontecendo, trazendo uma reflexão de como tudo se encaixa em um ciclo no fim.
Ao mesmo tempo que há uma beleza entre o respeito dos humanos com seus bichos de estimação, também há a crueldade, explorada entre a caça e os atropelamentos em vias expressas, que são recolhidos pelos jovens ao decorrer da história.
O comportamento e relação entre as espécies se dissipam ao longo da trama, e este é o principal ponto abordado constantemente em diversas situações, como a própria urina despejada na ferida, o banho junto ao cachorro na banheira, a mesma pasta, feita a partir da flora local, aplicada em ferimentos, e até mesmo a cena em que os protagonistas nadam, com tomadas alternadas entre pessoas e cachorros.
A relação começa a deteriorar quando a jovem não consegue recolher o corpo de um ser atropelado em uma via com grande fluxo, transmitindo o seu nervosismo e ansiedade com a situação, e, posteriormente, quando seu parceiro atropela outro animal, que, mesmo sem intenção, chega com uma carga pesada de assassinato.
Uma das cenas mais impactantes, é a de uma banda tocando em um galinheiro, uma homenagem às aves que estão sendo preparadas para exercer suas funções num mundo cruel, seja ir para um abatedouro ou para outro galinheiro para a obtenção de ovos. Além disso, a película possui uma fotografia exorbitante, que retrata cada momento como uma delicada pintura.
Não é um filme de fácil digestão e com certeza está aberto a diferentes opiniões, assim como para discussão do valor da fauna.