Resenha l A Química Que Há Entre Nós

O livro é narrado por Henry Page, um jovem de 17 anos que ainda não descobriu o amor e tem uma vida normal longe dos problemas adolescentes. Ele está no último ano do Ensino Médio e muitas vezes se sente como um peixe fora d’água, mas tudo começa a mudar quando conhece a aluna nova: Grace Town. Ela é diferente de todas as garotas do colégio, pois se veste com roupas masculinas e não cuida da aparência, andando sempre imunda, descabelada e com aspecto de doente (ou drogada), além de usar uma bengala.

Quando um professor decide uni-los como editores-chefes do jornal estudantil, Grace nega de imediato, o que deixa Henry chocado, já que é um cargo importante que ele sempre almejou. Quando decide confrontá-la, nada muda, mas eles acabam iniciando uma amizade e ele logo descobre que ela tem um humor obscuro e muito peculiar, além de esconder muitos segredos.

Grace acaba voltando atrás e decidindo ajudar no jornal, com a condição de ser apenas uma assistente, pois não quer escrever mais. E assim, dia após dia, os dois vão se aproximando. Quanto mais tempo passam juntos, Henry vai se abrindo e contando mais sobre sua vida. Ele começa, inclusive, a se apaixonar por Grace, mas acha que não é recíproco, já que há dias em que ela é gentil e mostra que gosta de passar o tempo com ele, e em outros ela é rude e/ou some por completo. Logo, ele sente que ela é um mistério e passa a querer investigar mais, principalmente para descobrir porque Grace age assim e como foi que ela se machucou, física e emocionalmente – o acidente, inclusive, é o grande mistério que move toda a trama.

“Eu de alguma forma soube, naquele momento, que Grace Town era um pedaço de vidro com reentrâncias com o qual eu me cortaria de novo e de novo se me deixasse envolver.” (pg. 128)

“Você não pode projetar suas fantasias nas pessoas e esperar que elas cumpram o papel, Henry. As pessoas não são recepientes vazios para você encher com seus devaneios.” (pg. 220)

Além de Henry e Grace, os personagens secundários muitas vezes roubam a cena. Seja com os pais carismáticos e liberais de Henry ou com Sadie, sua irmã mais velha que aprontou muito nos tempos de escola mas que agora é uma mãe solteira muito sábia, há cenas muito engraçadas e até debates extremamente profundos. Além disso, ainda há os amigos de Henry: Murray, um australiano obcecado que não consegue superar o término com seu antigo amor, e Lola, que após beijar Henry acaba percebendo que na verdade gosta de garotas e, portanto, decide sair do armário. Os dois tem as melhores tiradas e trazem um humor único.

Com uma história de amor nada peculiar, a trama também abre espaço para debater sobre batalhas interiores e a importância da saúde mental, além de explorar o processo do luto e corações partidos. Desenvolvendo as emoções dos personagens, que de fato são exacerbados como tudo é na adolescência, mostra também um caminho de redenção e superação, em todos os aspectos da vida. A história começa lenta, mas quando embala, acaba indo até rápido demais. Repleta de referências, como Harry Potter, Senhor dos Anéis, Crepúsculo e até Titanic, a história se concretiza num final supreendentemente positivo.

“Mas o amor é científico, cara. Quer dizer, ele é apenas uma reação química no cérebro. Às vezes essa reação dura uma vida inteira, repetindo-se de novo e de novo. E às vezes, não. Às vezes ela entra em supernova e começa a desaparecer. Nós somos todos apenas corações químicos. Isso deixa o amor menos brilhante? Acho que não.” (pg. 245)

“O amor não precisa durar uma vida inteira pra ser real. Você não pode medir a qualidade de um amor pela quantidade de tempo que dura.” (pg. 247)

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