Crítica l Depois A Louca Sou Eu diverte ao abordar doenças mentais de forma leve
Depois A Louca Sou Eu, baseado no best-seller de Tati Bernardi, conta a história de Dani, interpretada por Débora Falabella. Ela é uma jovem publicitária que tem o sonho de lançar um livro de sucesso, mas precisa lidar com um caminho ainda mais difícil, já que desde criança sofre muitos traumas – o que culmina em diversas crises de pânico, ansiedade e depressão.
Silvia, sua mãe superprotetora, interpretada por Yara de Novaes, tem as suas próprias questões e não soube gerenciar como os problemas familiares afetavam a saúde mental de sua filha. Além disso, embora Dani seja adulta, ela ainda quer controlá-la e não dá espaço para a filha seguir os seus próprios passos, impondo ainda mais pressão e medo.
Dani já testou todos os tipos de terapia e medicações, sempre em busca de uma melhor qualidade de vida, já que tem dificuldades no trabalho e não consegue cumprir atividades cotidianas, como viajar ou ir a festas. À medida que o longa mostra essas tentativas recorrentes, expondo como a própria personagem se enxerga, entra em cheque o debate sobre questões existenciais e a importância da saúde mental, tudo de forma leve e bem-humorada, principalmente porque o filme trabalha muito bem com as cores e espontaneidade.
Surge também um interesse amoroso tão disfuncional quanto Dani. Os dois se entendem como ninguém, mas é claro que ainda há problemas e barreiras de convívio social. Ao misturar drama e comédia com temas tão contemporâneos, é impossível não gerar conexão ou empatia, além de, é claro, inspirar o público a resolver seus problemas com o mesmo otimismo de Dani.
Falabella, inclusive, atua brilhantemente e consegue demonstrar com autenticidade todo o turbilhão de emoções que a personagem sofre, ainda mais quando o longa resolve debater sobre o uso de medicamentos e humanizar a personagem ao mostrar diversos personagens problemáticos, como o próprio psiquiatra que nem escuta a paciente e receita qualquer remédio.
Com uma trama envolvente que embala momentos divertidos e dramáticos, a diretora Julia Rezende acertou no tom. Além disso, o timing para a estreia não poderia ser melhor, pois retrata com louvor dores atuais e deixa a mensagem de que não estamos sozinhos e precisamos aprender a aceitar ajuda e não se autosabotar.