Crítica l Caminhos Cruzados reflete sobre transfobia com filme emocionante sobre encontrar o seu lugar no mundo

Caminhos Cruzados realmente caracteriza o título da obra dirigida e roteirizada por Levan Akin, que chega nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira, por meio de uma parceria entre a MUBI e a O2 Play. A narrativa traz um drama muito bem roteirizado, que a princípio desenvolve o seu primeiro ato na Geórgia, mas logo após redireciona os personagens para a Turquia.

O longa é protagonizado por Lia (Mzia Arabuli), uma professora já aposentada, que tem a missão de cumprir o último desejo de sua irmã recém-falecida: trazer Tekla de volta para casa, sua sobrinha trans, que foi rejeitada pela família após realizar a transição e se viu obrigada a ir embora.

Lia embarca numa busca esperançosa para encontrar Tekla em seu país Natal, e durante a procura, ela acaba conhecendo Achi (Lucas Kankava), amigo e ex-vizinho de sua sobrinha, que lhe informa que ela mudou para Istambul. Ao perceber que Lia está determinada a ir atrás da sobrinha e com o intuito de sair do país, Achi se oferece para ser o seu intérprete durante a viagem, pois ele compreende um pouco de turco e aprendeu inglês, assistindo vídeos do Youtube.

O que era para ser uma viagem de reencontro entre duas pessoas da mesma família, acaba se tornando uma viagem de muitas reflexões, aceitações e conexões inesperadas com pessoas antes desconhecidas, que acabam criando um grande vínculo afetivo através desses cruzamentos de vidas e histórias surpreendentes.

Apesar de ser um drama forte, complexo e emocionante, existem pontos cômicos em algumas cenas, deixando o enredo ainda mais cativante e lembrando os espectadores que nem tudo é tristeza dentro da trama. Assim como acontece na vida, em toda jornada há traços de esperança.

No decorrer da história, com todos os desafios e dificuldades na busca, o filme consegue ainda envolver e trazer afinidade com os personagens e suas respectivas histórias de vida. Mostrando a dor do abandono, por diferentes pontos de vista.

A atuação de todo o elenco é convincente, e a atriz Mzia Arabuli transmite com muita clareza as sensações que sua personagem está tendo que lidar, como tristeza, arrependimento, sofrimento e força de vontade. A determinação da tia para conseguir encontrar sua sobrinha é comovente, sem medir esforços para poder cumprir o último desejo de sua irmã. Assim como toda dor e rejeição das pessoas da comunidade LGBTQA+ que são negligenciadas.

Caminhos Cruzados cativa e deixa a importante mensagem sobre se encontrar no mundo. Ainda que perca coisas e pessoas no processo, vale tentar e celebrar a beleza única de ser quem é, encontrando afeto e o seu próprio caminho para ser feliz.

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