Crítica l Apesar de clichê, Adão Negro mostra sua força com ajuda do carisma da Sociedade da Justiça
Adão Negro, da Warner Bros. Pictures, chega nesta quinta aos cinemas de todo o país. Estrelado por Dwayne Johnson, o longa é muito aguardado pelos fãs dos quadrinhos.
Quase 5.000 anos após ter recebido os poderes onipotentes dos deuses antigos através da palavra mágica SHAZAM – e ser aprisionado logo depois para contenção – o campeão de Kahndaq, Teth-Adam (Dwayne Johnson), que combateu a escravidão para libertar seu povo na antiguidade, acaba sendo libertado de sua tumba após uma disputa entre caçadores de relíquias. E ele já sai de lá pronto para levar ao mundo moderno toda a sua fúria numa forma bem singular de justiça. Mas, toda essa força implacável logo atrai a atenção de Amanda Waller (Viola Davis), que convoca alguns heróis para impedí-lo – assim como a personagem recrutou os vilões de “Esquadão Suicida” em missões secretas sem conexão com o governo.
Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindell) formam a Sociedade da Justiça. Eles chegam, portanto, para tentar capturar Adão Negro e impedir que ele cause mais destruição e se torne propriamente uma ameaça a todos. Logo entra em debate o quão tênue é a linha entre fazer a coisa certa ou fazer o que precisa ser feito, mostrando os personagens nesse embate entre o que um herói pode ou não fazer – o que já virou um grande clichê nos filmes do gênero, que utilizam na fórmula discussões morais para decidir sobre o que é certo e errado ou sobre quem deve viver ou morrer. E mais uma vez, a brutalidade se justifica pela compreensão.
Vale ressaltar que grande parte do apelo do filme se dá na interação do anti-herói com a Sociedade da Justiça. Pierce Brosnan e Aldis Hodge entregam grandes atuações como Senhor Destino e Pierce Brosnan, que não só formam uma dupla forte e carismática, como muitas vezes roubam a cena com extrema facilidade e geram conexão com o público. Tamanho potencial dos heróis irá agradar muito os fãs do Universo Estendido da DC (DCEU, em inglês), deixando um gostinho de quero mais.
Já Quintessa Swindell, encanta como Ciclone, ainda que a inteligência da personagem tenha sido de fato pouquíssimo aproveitada. Noah Centineo, por outro lado, cumpre bem o papel que lhe foi dado como alívio cômico do longa. Mas, não só o ator como o próprio personagem, mereciam muito mais. Esmaga-Átomo, sempre perdido, parece muitas vezes que só foi jogado na trama para cumprir a cota – motivo talvez que venha a ser justificado em um longa futuro, que aborde mais a origem e a formação dos personagens que compõem a Sociedade. Potencial não é o que falta!
Dirigida por Jaume Collet-Serra, Adão Negro entrega um grande espetáculo de ação, com combates grandiosos, explosões, destruição e energia do começo ao fim. A história de origem é bem estabelecida, mas o esperado acontece: após anos trabalhando no filme, The Rock carrega tudo na base do carisma e pancadaria. Ele está muito confortável no papel, tendo boa conexão com os outros atores e entregando todo o seu potencial que já conhecemos em tantos outros filmes – daí surge o grande impasse: as pessoas podem amar ou odiar o longa exatamente por esse motivo, já que muitas vezes você se pega pensando até que ponto vai o personagem e/ou o ator. Mas o fato é que, embora tenha ressalvas, a produção diverte e tem potencial para muito mais. Inclusive, não saia da sessão sem conferir a cena pós-créditos. Talvez essa seja uma das melhores partes do filme!