Crítica l Entrevista com o Demônio, terror com David Dastmalchian, quebra a quarta parede com trama diabolicamente inteligente
Dos produtores de “Atividade Paranormal” e “Noites Brutais”, Entrevista com o Demônio (Late Night With The Devil), um dos filmes de terror mais aguardados do ano, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 4 de julho, com distribuição da Diamond Films e direção de Colin Cairnes e Cameron Cairnes . Com classificação indicativa de 16 anos, a trama se passa em uma noite de terror na TV, no qual o programa “Night Owls” com Jack Delroy (interpretado por David Dastmalchian) encontra o sobrenatural em plena noite de Halloween.
O longa destaca um apresentador completamente desesperado e aflito após a trágica morte de sua esposa, que está em busca de uma salvação para a audiência de seu programa, cada vez mais em declínio. Ignorando os sinais sobrenaturais que vão surgindo no decorrer da atração, em plena noite de Halloween, Jack resolve aceitar entrevistar uma pessoa possuída ao vivo. O que começa como uma noite de entretenimento, se transforma em um verdadeiro pesadelo ao vivo.
É sensacional a ideia de criar um filme com a dinâmica sendo conduzida por um talk show, em que há a ilusão de duas telas sendo exibidas simultaneamente, o que dá a sensação de estarmos em casa assistindo TV, sentados no sofá. Além disso, os diálogos e olhares dos personagens são voltados diretamente para a câmera, conversando diretamente com o espectador bem no estilo “Fleabag”. Essa quebra da quarta parede prende completamente a atenção, já que na maioria dos filmes é mais comum que as cenas aconteçam à medida que os personagens criam um diálogo entre si, enquanto a câmera passa despercebida.
Atritos e discussões são sempre ótimos aliados para que a narrativa siga de forma crescente em qualquer filme. Em Entrevista com o Demônio, os conflitos existentes entre as diferentes personalidades dos personagens causam muita tensão e aflição. Parece que a qualquer momento vai sair uma briga muito séria entre eles, então não podemos desgrudar os olhos da tela para não perder nenhum minuto – algo bem comum no dia a dia, afinal ninguém desliga a TV numa briga, muito pelo ao contrário, muita das vezes queremos que aumente o volume para ficarmos bem mais ligados nas cenas seguintes. Ainda assim, embora o primeiro ato do filme seja arrebatador, no segundo há um declive generalizado, cansando e empobrecendo a dinâmica da narrativa.
No filme há uma troca de cores de fotografia interessantíssima. Entre o programa e os bastidores existe uma diferença notável, pois enquanto a atração está no ar a cena é transmitida em cores, mas quando está passando o por trás das cenas, é transmitido em preto e branco. Algo que faz até lembrar as escolhas realizadas na produção de “Oppenheimer”.
Outro grande destaque vai para o protagonista David Dastmalchian, que conduziu sua performance brilhantemente como um apresentador de um talk show dos anos 70, gerando nostalgia. No geral, com boas reviravoltas, Entrevista com o Demônio é diabolicamente inteligente, cumprindo a proposta de entreter e inovar no gênero.