Crítica l Veneza exalta imaginação e impacta com atuações fortes e emotivas
Veneza é baseado na peça teatral “Venecia”, do argentino Jorge Accame, que foi posteriormente adaptada para os palcos brasileiros em 2003 por Miguel Falabella, que atua também como diretor no longa.
A história acompanha Gringa (Carmen Maura), uma senhora cega que é cafetina e hoje tem apenas um sonho: voltar a Veneza e reencontrar o seu grande amor enquanto ainda está viva. Em paralelo, as prostitutas do bordel interpretadas por Dira Paes, Carol Castro e Danielle Winits tentam lidar com os seus próprios sonhos e frustrações.
A narrativa ganha um toque delicado, sensível e totalmente poético, abraçando o sonho e o poder da ilusão à medida que essas mulheres acabam tomando o desejo de Gringa como um grande objetivo. Tudo isso graças à gratidão que elas sentem pela cafetina ter as ajudado quando precisavam, dando emprego e um teto para morarem.
Além da conexão entre Rita, Madalena e Jerusa, surge Tonho (Eduardo Moscovis), o único homem no bordel. Atuando como um faz-tudo, ele se sente totalmente responsável pelas mulheres, já que sua mãe era uma antiga trabalhadora. Ainda que cobre favores sexuais em troca dessa “ajuda”, eles acabam se unindo com o pouco que tem e formando uma grande família.
Além do arco principal, foi adicionado na trama o de Julio (Caio Manhenlte), um jovem que ainda está se descobrindo e tem o sonho de viver como travesti. Levado ao prostíbulo pelo pai (Roney Villela), em segredo, acaba se conectando com Madalena e sonhando com um futuro em que os dois consigam realmente ser felizes.
A atuação está impecável, com um elenco forte, conectado e capaz de dar à história tudo de si, com muita emoção e riqueza em detalhes. Assim como no circo, a trama encanta também pela beleza lúdica. Com um enredo bem desenvolvido, é impossível não encantar.
Veneza chegou nesta semana nos cinemas, mas foi rodado no Uruguai em 2018. Após diversos adiamentos devido a pandemia, realmente não havia semana melhor para a estreia, já que hoje (19/6) é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro e o longa serve como uma grande homenagem e celebração das nossas raízes.